Menino Deus

Você é muita coisa

Muitos livros, muitos discos

Muitas tardes de chuva

Intensidade e tranqüilidade

Muitos goles, muitos gozos

Muitas sempre esperas

São todas para ti, meu amor

Quantos carnavais?

“Menino Deus, do corpo azul-dourado

Um Porto Alegre é bem mais que seguro

Nas rotas de nossas viagens no escuro”

Old man

New jungle-boy

Filósofo da arte e da beleza

És cômico e trágico

Muitos vinhos, “Leonardo da Vinci”

Quantas coisas me lembram você

Na vitrola

Talvez um romance em Durango

Hoje e amanhã, desejo ardente

Em Casablanca “sonhar é se perder no labirinto de outra história”

O amor acalma sempre

Daguerreotipia sonhada

em preto e branco

e com as cores de nossas horas

Atemporais

porém

sempre em tempo

Sobrevive ao caos

e se refaz com graça e amor

Um brinde ao nosso gozo

Por todos os anos, pelo todo,

Por tudo

Por você existir

Por nós existirmos juntos

No aqui e no agora

E por nos materializarmos

No instante do amor, para sempre

Amém!

(Tutty Freitas 25/07/2011)

Auto-retrato

Um auto-poema é

como um auto-retrato.

Muitos dos detalhes

não contidos

estão escondidos.

Por detrás da acidez

sou romântica,

sou sarcástica e doce.

Sou doce, sou bárbara

Ao mesmo tempo em que

falo em linguagem

angelical, sou demoníaca

E quando quero algo,

num piscar de olhos

transfiguro-me

nas nuvens de

um novo amanhã.

Desejo a felicidade

e a tenho à vontade

Eu me inspiro de ação,

de criação,

de expectativa e

de realização

Um auto-poema.

Acabo eu me entregando

(Tutty Freitas 25/07/2011)

Depois do retorno de Saturno

Depois do retorno de Saturno
Da languidez de Vênus
Da aprovação de Marte
Com os pés na Terra
E a cabeça na Lua
Deixo os amores em Plutão
E mergulho até Netuno
Para buscar meu Sol
E dentro de minha galáxia
Eu me reconheço

(Tutty Freitas 20/07/2011)

Futuro presente

Sem eu saber
ele estava ali
presente
naquele passado
recente
E eu
sem me saber
recente
daquele
futuro presente
que se sente
nascente
um futuro
um presente

(Tutty Freitas 20/07/2011)

Poesia

Antes do pó existia
E por nada se exauria
Em sendo exímia
Por si só se exibia
Feita de pó e azia
Da África à Oceania
Do ínicio do mundo
Ao fim dos dias
Tudo o que mais se queria
Se faz e refaz em poesia

(Tutty Freitas 20/07/2011)

Presente

Se quiser me dar presente
Não precisa ter trabalho
Basta acontecer de coração
E ser de bom grado
Serve um LP dos Stones
Ou um livro da Adélia Prado

(Tutty Freitas 20/07/2011)

Tempestade

Quando nossas almas se encontrarem

Meu amigo, não repare

Vai chover, vai causar tempestade

Essa coisa, essa vontade

presa...vai se soltar, prepare-se

para viver dias de intensidade

Como se toda vaidade

fosse posta a fogo

e depois um dilúvio a lavasse

Como se você já soubesse

disso...hoje a tarde

(Tutty Freitas 15/07/2011)

Filózufia

Nada como um dia após o outro
E um AMOR no meio

Escolhas

O destino não está traçado

e sim as escolhas

A medida que escolhemos

costuramos a colcha de retalhos que é a vida

(Tutty Freitas 15/07/2011)

A alegria do encontro

Ah, como é boa
a alegria do encontro
Entre pernas e vozes
valso no ar
Te sentindo de perto
adoroso encanto
Ah, como é boa
a alegria das horas
das horas pensadas, exauridas
dos benditos encontros
e até das malditas despedidas
A lua cheia se fez presente
e invadiu de sonhos minhas razões
Ah, como é boa também
a alegria da impernamência
Do ter-se e não
ter a quem se sente
Presente mesmo que
somente em canção

(Tutty Freitas 15/07/2011)

Queria ouvir

Queria ouvir tua história

Tua herança estampada

Em tua face molhada

De tanto cantar canção

Teus versos me levam

Me fazem viajar

Outrora me desfazem

Sem prumo nem direção

Conhecer-te seria

Talvez grande castigo

De tanto brincar comigo

Teu sorriso disse não

Mas não tem jeito

Essa doçura em teu peito

Esse olhar de quem foi feito

Pra dar asas a imaginação

Queria ouvir

Da tua boca uma história

Pra que fique na memória

Sua entoada benção

Inesquecível

Como versos verdadeiros

Daquele cantador primeiro

O que resta é ilusão

(Tutty Freitas 05/07/2011)

A te esperar

Eu que sempre tive tudo

E fiz do mundo o meu lugar

Pára-quedas do abusrdo

Num instante à beira-mar

De tanto por ti gritar

Como alguém que ficou mudo

Cego, manco, louco e surdo

Ainda estou a te esperar

E anuncio meu cantar

Nessa hora do escuro

O sonho, a sede, pulo o muro

Pra poder me arriscar

Ao som de um pífano impuro
E a chuva a me lavar

Clareando brumas num futuro

Ainda estou a te esperar

Tutty Freitas (04/07/2011)