Kabikodepu
Faz tempo,
uma semente brotou
no escuro breu…
Era a vida lá
dentro.
Vinham a flor, o
barro e o sustento.
Eram índios,
plantas, gentes,
sapos-de-vidro,
tracajás, tucumãs,
inajás e Manihot.
E a floresta assim
cresceu…
Da pajelança ao
kabikodepu,
de Aruak a
Munduruku,
de Tucano a
Yanomami,
de Karib a
Sateré-Maué,
de Tupinambá a
Waiãpi.
Oh mãe do mato!
Dá timbó pr’eu
pescá.
Dá urucu pr’eu
pintá.
Deu vida a Matinta
Pereira,
em busca do fumo
prometido.
E deu voz ao
Uirapuru.
A bananeira sagrada
que
cumpriu o Monte
Roraima.
O Maricoxi e as
Icambiabas
e seus Guacaris no
Nhamundá,
na praia do Juruá.
E o choro do açaí
alimentou
os povos da
floresta.
Que hoje chora
o mistério que já
não há.
TF [25/02/2018]
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