Para Lévi-Strauss

Seria esse o significado de viajar?
Uma exploração dos desertos da memória,
e não dos desertos que me cercam?

Claude Lévi-Strauss

***

Os desertos e os oásis da mente nos conduzem às melhores viagens.

Afinal, sentir sede e não avistá-los pode ser perigoso. 

Ao passo que tê-los em abundância também nos mata afogados.

Ambos são complementares e indispensáveis.

Vale a pena

Se eu escrevo?

Escrevo sim senhor, poemas
Mas só escrevo o que sinto
de amor e pena
Gosto do que eu escrevo
E escrevo porque gosto
dilema
Mas tão simples de resolver
É só pegar na pena

Sazonal

Faz calor aqui dentro

Enquanto o resto do mundo

é frio

Desértica noite

Que me traz o vento

vazio

Curiosa estação

Contém o que em mim transborda

estio

Penso em ser sempre verão

Pois não me faz falta

o frio

[TF 04/08/2018]

Obtusa

Teresa é assim

Um tanto quanto obtusa

Meio mar, meio terra

Meio sereia, meio de guerra

Algo incompreensível tange seu olhar

Talvez, como estrangeiro que sou

Soa mística ou mágica ou apenas diferente

Ao meu ver, ao meu sentir, ao meu tocar...

Rios correm por suas veias

Sem jamais desaguar

Nessa lonjura salina

Cheirando a caju, cajuína

Que eu gosto de provar

Mas que o gosto não alcança meu gostar

Teresa é assim

Um tanto quanto obtusa

Um mal de amor, um mal de a-mar

[TF 19/08/2019]